Moeda
A moeda é um instrumento ou objeto utilizado pela coletividade para intermediar transações econômicas.
A literatura econômica subdivide em três as funções de moeda: Reserva de Valor, transferência intertemporal do poder de compra, a quantidade de moeda pode ser acumulada para aquisição de um bem ou serviço no futuro; a moeda também assume a função de Unidade de Conta que estabelece os termos pelos quais os preços são determinados, o comércio, por exemplo, estipula os preços em moeda corrente, e.g., Real, Dólar, Euro; e por último a moeda assume a função de Meio de Troca, i.e., é o objeto que utilizamos para intermediar o fluxo de bens e serviços, um determinado ativo pode ser convertido em meio de troca e utilizados para adquirir outros bens e serviços.
É certo, porém, que uma das características distintivas da invenção da moeda é sua capacidade de facilitar e potencializar as relações socioeconômicas. Antes do surgimento da moeda o fluxo comercial realizava-se por escambo, trocas diretas de mercadoria por mercadoria. Posteriormente, algumas dessas mercadorias foram adotadas como meio de troca entre produtos. O sal, por exemplo, era aceito na Roma Antiga como moeda.
De modo análogo, os metais preciosos, por serem mais escassos, assumiram a função de moeda. Um dos aspectos mais interessantes desse processo foi o depósito desses metais em casas especializadas. Estas, emitiam certificados dos depósitos que, ulteriormente, torna-se-iam o papel-moeda, inicialmente com a obrigatoriedade de um lastro em ouro e, a posteriori, a moeda passou a ser aceita por força de lei, moeda fiduciária.
É possível estabelecer um certo grau de continuidade entre o certificado de depósito, o papel-moeda lastreado, a moeda fiduciária e a iminente forma de mediação das relações econômicas, a criptomoeda. Contudo, existe um fio condutor que precisa ser conectado. A alta volatividade das criptomoedas compromete sua capacidade de acumular capital (de modo relativamente estável) ao longo do tempo. Esse conceito de estabilidade é um dos determinantes da existência dos Bancos Centrais, que tem como função principal a estabilidade da moeda. Logo, as moedas digitais, até o momento, não possuem a função de reserva de valor, em função da alta volatilidade. Do mesmo modo, as criptomoedas não podem ser consideradas como unidade de conta. Excetuando-se casos específicos de transações pela internet (e pouquíssimos pontos comerciais que aceitam esse ativo), em geral, o preço das mercadorias e dos serviços são cotados em moedas comuns, e.g., Real, Euro, Dólar. Indubitavelmente, as criptomoedas se encaixam como meio de troca, mesmo que não sejam (ainda) universalmente aceitas.
Reconhece-se, explicitamente, que o advento da moeda foi fundamental para o progresso da sociedade. Não obstante, esse progresso andou pari passu com algumas chagas sociais. A moeda, em suas diferentes modalidades, pode persuadir e corromper a natureza humana. A consubstanciação entre dinheiro e amor gerou uma infinidade de malefícios à humanidade. O amor ao dinheiro como dizia Paulo, o apostolo, é a raiz de todo mal “Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males.” (I Timóteo 6: 10.ª). Qual a essência de todas as guerras, da corrupção, da violência urbana, da ganância, dos cibercrimes e de todas as mazelas sociais? O dinheiro? Não, mas o amor ao dinheiro. A historiografia evidencia que algumas dessas mazelas já existiam antes do advento da moeda, contudo, esta facilitou e potencializou aquelas.
Quando amamos o dinheiro priorizamos coisas em detrimento de pessoas, ou seja, coisificamos as pessoas e atribuímos um sentimento humano, o amor, a uma invenção, a moeda, as consequências são desumanização e autodestruição. Enfim dinheiro é bom e útil, contudo, não podemos amá-lo.